Quando decidi usar cuecas nas mesmas cores da calça do Fiuk, e das roupas de certas bandas coloridas da mídia, me tornei um cara mais leve. Apesar do terno e gravata, dentro de mim residia uma ironia timidamente berrante.
Reuniões que não levam a nada, mas geram algum valor agregado, passaram a ter uma leveza nímbica. E me viciei nisso. Cheguei ao cúmulo de encomendar algumas cuecas com tecido de sombrinha com diversos motivos, desde florais e cores de Almodóvar ao simples pretinho básico de guarda-chuvas. Sucesso imediato. Acessei zonas de criatividade em minha mente antes adormecidas.
Vi a elegância de certas executivas desfilarem após saias caírem aos pés e cubrirem seus poderosos saltos. Assim como vi o rubor em suas faces ao verem a excentricidade de minhas cuecas encomendadas e personalizadas.
Arrancar um sorriso não era nada fácil. Mas, agora, roubar-lhes gargalhadas me proporciona um prazer único, egoístico e estoico. O tecido ou a cor atiçam a curiosidade feminina. E mulher curiosa, meu amigo, é mamão com mel.
Mas a excentricidade me rouba a liberdade, em banheiros públicos. Mas é divertido. Uns riem baixinho e nervoso. Outros susurram aquele "rídiculo!" como se eu não o soubesse. Outros me perguntam onde comprei uma dessas.
Mas resumindo é isso mesmo. Moda é aquilo que te cai bem, te eleva o ânimo, mesmo que muitos não compartilhem de suas ideias e valores. E no mundo é assim: alguém sempre tem algo a mais que você, ou algo a menos que você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela participação. É isso que engrandece os pequenos gestos.