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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sobre a fé

Há dados que indicam que o Brasil é a maior nação católica do mundo. No entanto é um país com evidentes práticas anticristãs. Que dizer então dos crimes contra a mulher, da corrupção, da prostituição – principalmente infantil –, da tortura, entre tantas outras práticas inadmissíveis a qualquer criatura na atual conjuntura da civilização humana. São tantas as práticas estranhas à moral cristã que, muita vez, confunde-se as práticas da fé com as práticas mundanas.
Visto que é o desejo que é contrário à liberdade e não a escravidão, como pensam os incautos, somos um povo mal resolvido que engole sem digerir. Por isso somos facilmente controlados pelas forças (de interesses) ocultas que controlam a sociedade.
Acho que todo combate precisa de um inimigo. Seja em uma campanha política, – oras! quem não lembra das Diretas Já! onde o grande inimigo foi o gravador do Cacique Juruna, e na campanha de Collor, onde o grande inimigo foram “Os Marajás”, que ainda hoje existem, mas têm outro nome, e quem não lembra das contra-campanhas de Lula que perdeu por causa do Real, segundo a má avaliação do seu economista mor, o hoje Senador Mercadante, e na última campanha o grande inimigo foi a fome, que até hoje não foi saciada –, ou seja numa campanha pela reestruturação social, onde a mídia é o grande inimigo. A fé elege o “diabo” – uma força oculta tão poderosa quanto Deus – como seu inimigo.
Por isso que o crescimento das igrejas protestantes tem se tornado uma assombrosa realidade, que não pode deixar de ser analisada. Reunidos em pequenas células que amadurecem e eclodem formando novas pequenas células. Assim cresce o número de adeptos à Reforma. Chegando aos cargos de representatividade política, conseguindo concessões de emissoras de sinais de rádio e televisão, com uma proposta que representa metamorfoses sociais.
A fé, muitas vezes ensinada como o ato inerte de crer, é o mais delicado tema a ser abordado sem sectarismo ou atavismos, inerentes a natureza humana. Torna-se mais clara quando vista pelo ângulo da comunicação. A fé eletrônica de nossos dias é o produto da mídia com amplo mercado a ser explorado. Mercadores de esperança, sempre existiram através dos tempos. E nesses tempos conturbados em que nenhuma luz se vê ao fim do túnel, fica mais fácil de explorar. Afinal tudo o que não se conhece a origem é obra do “diabo” e esse eles o promovem muito bem.
Por outro lado é preciso destituir a filosofia do Cristo dos valores agregados através dos tempos por culturas e interesses estranhos. É uma tarefa difícil. Mexe com muitas estruturas criadas através de séculos. Mas se faz necessária. Para não cairmos inevitavelmente no abismo apocalíptico.
Recentemente a obra de Dan Brown – O Código Da Vinci – causou impacto nessas estruturas ao misturar todos os elementos sociais já citados nesse texto. Misturou tudo, e deu-se um boom literário. Pesquisadores debatem em cada canto deste mundo, qual a receita de sucesso desta obra que apenas possui uma roupagem nova, visto que outras obras com o tema já foram publicadas e não obtiveram o posto de bestseller, como aconteceu com o livro de Dan Brown.
É possível reconhecer que existe um ressentimento contra a Igreja Católica, e muitos encontraram em O Código Da Vinci, verdades absolutas para alimentarem as suas próprias meia verdades. Baseados em uma obra contestada pela própria obra que não se sustenta – pois há muita suposição do autor tomada como fato histórico – uns se alimentam desta fé estranha, a saber, a fé de que a ciência histórica revela por suas linhas um novo horizonte para a humanidade. Não está previsto o apocalipse. Mas quem sabe já não sobrevivemos a ele?

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